Shepherd - Anais Mitchell






Shepherd

Anais Mitchell




Said the shepherd to his wife
The crop of hay is cut and dried
I'll bale it up and bring it in
Before the coming storm begins
Go, she said, and beat the storm
And then there is another chore
Today the baby will be born
You'll take me to the hospital
Said the shepherd, if it's true
T'were better if I stayed with you
I'd rather let the harvest go
And hasten to the hospital
Nay, she told him, I'll be fine
We both have laborin' to do
You do yours and I'll do mine
And the babe will wait 'til the work is through

The shepherd roped the yellow rows
The sky above and the field below
Until the bales had all been tied
And homeward turned to find his wife
Sweat was wet upon her brow
Her breath it cameth laboredly
And then the rain was comin' down
Upon the field of yellow hay
Said the shepherd, it's no use
The rain will surely win the race
T'were better if we let it fall
And hurry to the hospital
Go, she said, and work with haste
And bring the bales into the barn
Else the crop will go to waste
And the babe will wait 'til the work is done

The shepherd drove into the storm
And to and from the yellow barn
'Til half the bales were safely in
Then went to find his wife again
How many times her name he called
And no replyin' would she make
Her breath it cameth not at all
She would not rise from where she lay

The storm was o'er within the hour
The shepherd saw the sun come out
The shepherd's wife saw ne'er again
He buried her and the babe within
He turned the seed into the ground
He brought the flock to feed thereon
He held the cleaver and the plow
And the shepherd's work was never done

Vargas Llosa: Cultura versus Entretenimento



Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2010, “pela sua cartografia das estruturas de poder” e pelas imagens incisivas da resistência, revolta e derrota dos indivíduos”, o peruano Mario Vargas Llosa recebeu esta semana o doutoramento honoris causa pela Universidade Nova de Lisboa. Numa entrevista por telefone, muito balizada pelo (escasso) tempo disponível do escritor que aproveitou para revisitar Lisboa, Varga Llosa reflecte sobre a crise que atravessa a Europa e sobre os progressos registados na América Latina, palco preferencial da maioria das tramas dos seus personagens.
 Alguns, como a família composta por don Rigoberto, o seu filho, Fonchito, e a mulher, Lucrécia, vêm atravessando vários romances, desde o Elogio da Madrasta aos Cadernos de Dom Rigoberto (ambos editados pela D. Quixote). Encontrámo-los outra vez no último romance, O Herói Discreto, editado pela Quetzal em Setembro de 2013. É possível que surjam reinventados nas novas obras do escritor. "Quem sabe, talvez estando vivos possam reaparecer." Não será certamente na próxima obra: uma peça de teatro, que a Quetzal promete trazer para as livrarias portuguesas no início de 2015, e em que Llosa insiste nalgumas das suas "obsessões": a importância da cultura, e da literatura em particular, no desenvolvimento do espírito crítico dos cidadãos e o perigo que a deriva desta para um papel de mero entretenimento representa para a própria democracia.
O seu último romance, O Herói Discreto, foi editado em 2013. Está a trabalhar nalgum novo livro?
Acabo de terminar uma peça de teatro que se chama Os Contos da Peste e que é baseada livremente nos contos de [Giovanni] Boccaccio, o Decameron. Desde a primeira vez que li o Decameron que me pareceu que essa situação inicial, esse grupo de jovens que, quando Florença está invadida pela peste, se refugiam numa vila a contar contos, era uma situação muito teatral. E sempre pensei escrever uma peça de teatro a partir desta situação: há uma peste, uma cidade fechada sobre si mesma, e um grupo de jovens que se isola e que consegue escapar através da fantasia e através da imaginação, contando contos. Essa é a peça que estive a escrever este ano. Estou a fazer as últimas correcções e, se tudo correr dentro dos prazos, estrear-se-á no teatro espanhol, em Madrid, no início do próximo ano.

Essa é uma das ideias fundamentais do seu pensamento, nomeadamente no ensaio A Civilização do Espectáculo, em que defende que o papel da literatura, da cultura, é ajudar as pessoas a libertarem-se das suas circunstâncias adversas.
Sem dúvida nenhuma. A literatura não é apenas uma fonte maravilhosa de prazer. Cumpre, além disso, uma função social e histórica de primeira ordem que é a de desenvolver nos leitores um espírito crítico. Depois de termos lido uma grande obra literária, um grande romance, um grande poema, um ensaio, regressamos ao mundo real convencidos de que a realidade está mal feita, que está muito aquém daquela ficção que somos capazes de inventar através da fantasia e da palavra. Isso faz-nos olhar para a nossa envolvência social, cultural e política com olhos muito críticos. E creio que essa é a razão pela qual a literatura, ao longo de toda a História, foi sempre vista com muita desconfiança e com muito temor pelos governos autoritários, pelas ditaduras, por todos os regimes que, no fundo, tratam de controlar a vida e querem demonstrar aos cidadãos que o mundo está bem feito. É essa a razão da censura. E efectivamente a literatura é um perigo para esse tipo de regimes porque tem sempre uma atitude muito crítica face ao mundo tal como ele é.

Mas que pode hoje a literatura contra a indiferença e o conformismo dos cidadãos, nomeadamente dos jovens?
O problema é que a literatura hoje em dia vive uma crise muito profunda, converteu-se sobretudo em entretenimento, perdeu a sua pugnacidade, a sua beligerância crítica, e busca sobretudo entreter. E o entretimento também é uma espécie de adormecimento, uma maneira de desmobilizar criticamente os cidadãos. Creio que essa crise da cultura, que é muito profunda na minha opinião, pode ter um efeito gravíssimo na vigência da democracia e da liberdade. Pela primeira vez na história, o pesadelo de [George] Orwell, de uma ditadura tecnológica, com um absoluto controlo sobre a vida das pessoas, um mundo de cidadãos convertidos em autómatos, já é possível. Isso acontece por causa da degradação da cultura no nosso tempo.

Considera que esta deriva da cultura para o entretenimento, a sua banalização, foi intencional?
Não, não, foi acontecendo. O desaparecimento do espírito crítico vem com a frivolização de uma cultura que só procura entreter e divertir, e que se converteu muito mais num espectáculo do que o que tradicionalmente era: pensamento, ideias, uma visão crítica da realidade, da vida e de todas as manifestações das relações humanas. Creio que esse problema – um problema mundial, porque dá-se tanto em países desenvolvidos,como em países subdesenvolvidos – é a maior ameaça à democracia. No passado, a democracia tinha a ameaça do comunismo, do marxismo, de doutrinas totalitárias, mas essas doutrinas caíram por si e não são hoje o perigo maior que tem a cultura democrática. A democracia, o inimigo maior tem-no no seu seio, e é o desaparecimento da cultura enquanto questionamento constante da realidade.

O filósofo francês Gilles Lipovetsky, com quem tem debatido publicamente estas questões sobre o papel da cultura nas sociedades actuais, lembra que a alta cultura não impediu barbáries como o nazismo.
Mas foi a cultura que permitiu derrotar o nazismo. Agora não temos uma cultura capaz de derrubar nada, porque a cultura tornou-se uma derrota em si mesma. Creio que foi a cultura que nos permitiu compreender a barbárie que significava o nazismo, a barbárie que significava o comunismo. E penso que a democracia triunfou em grande parte graças às ideias, valores, sonhos, fantasias e objectos artísticos criados por uma cultura que era fundamentalmente crítica, questionadora da realidade. Com a cultura transformada em algo passageiro, fugaz, não sei quem nos defenderia de novo das ameaças.



Crê que há o perigo de ressurgimento dos regimes totalitários nesta velha Europa?
Desgraçadamente há alguns sintomas inquietantes – por exemplo, a grande criação cultural, política, moderna que é a União Europeia vive hoje em dia uma crise muito profunda. Há movimentos antieuropeus que estão a recorrer aos velhos recursos nacionalistas, racistas, e, ainda que sejam minoritários, significam um grande perigo. O retorno aos nacionalismos seria uma grande tragédia para a Europa neste mundo globalizado.

Examinou todos os perigos do poder e da corrupção na América Latina…
Na América Latina há um progresso considerável, há muito menos ditaduras do  que no passado, muito mais governos democráticos e consensos quanto à democracia que antes não existiam. Há casos, como os de Cuba e da Venezuela, que são bem mais trágicos, mas é interessante ver como inclusive os países mais vinculados à Venezuela, que receberam mais petrodólares de [Hugo] Chávez e de [Nicolás] Maduro, fazem grandes negócios com Venezuela, mas não seguem as suas políticas. É o caso do Equador, da Bolívia e inclusivamente de Nicarágua. Países que seguem políticas bem diferentes, porque estão conscientes da catástrofe que vive Venezuela, com a sua altíssima inflação, com a sua violência política tão forte, e, além disso, com a violência criminal que também é alta. Não são modelos para nada e claramente há uma esquerda que entende que não é esse o modelo que pode salvar a América Latina, tirá-la da pobreza. É interessante ver, por exemplo, como o Uruguai, onde há um governo que era de extrema-esquerda, faz uma política contrária, de economia de mercado, de incentivo à iniciativa privada. Creio que é um sintoma muito interessante de como na América Latina estamos a assistir a uma mudança muito profunda de cultura política.

Pelo contrário, na Europa, vive-se num crescendo de indiferença e descrédito pela classe política, associados a um conformismo dos cidadãos. 
Desgraçadamente esse é um dos problemas na Europa. Creio que há que combater isso de forma muito resoluta. A União Europeia é uma grande ideia que trouxe já benefícios muito grandes à Europa. É a primeira vez na sua história que a Europa passa mais de 50 anos em paz, sem as guerras catastróficas, sem as tragédias sociais terríveis do passado. E a Europa necessita de dar um novo vigor à ideia de comunidade europeia, porque disso vai depender o seu futuro.

Como crê que a Europa sairá da crise?
Creio que já começou a sair. Do ponto de vista económico, os sacrifícios foram enormes, mas o pior ficou para trás. Creio que casos interessantes são os de Espanha, de Portugal e da Irlanda, que há alguns anos pareciam à beira do abismo e onde claramente as coisas foram melhorando. Falta muito para recuperar os melhores momentos do passado, mas o pior ficou para trás, incluindo no caso da Grécia, que era o mais grave.

As cifras económicas melhoraram um pouco, e mostram que os diferentes países estão a progredir, mas instalou-se, entre os cidadãos, uma certa incapacidade de acreditar.
Há uma grande desconfiança na classe política e considero que justificada. As estruturas políticas estão muito distanciadas da realidade, desfasadas. A corrupção, por outro lado, contribuiu muitíssimo para o desprestígio da política. Isso fez com que movimentos anti-sistema, extremistas, tanto de direita como de esquerda, tenham crescido muito. Esse perigo, há que enfrentá-lo de forma muito resoluta, com maior transparência, castigando os corruptos, devolvendo à opinião pública a fé nas instituições, que é algo absolutamente fundamental para que uma cultura democrática funcione.

No seu último romance, O Herói Discreto, Felícito Yanaqué, é um pequeno empresário que recusou deixar-se extorquir pelas máfias e fê-lo saber nos jornais…
É um caso interessante, porque representa um tipo de empresário novo, surgido na América Latina entre os sectores mais humildes, e que nasce com uma grande pujança, com muito empenho no desejo de prosperar. Ele representa aquela que me parece que é hoje a classe mais interessante, a mais criativa e a que desperta maior confiança no futuro na América Latina. Outro problema que também aparece nesse romance é o das máfias vinculadas ao narcotráfico. Esse é um problema muito, muito sério na América Latina e em certos países como o Peru e o México. Há-que enfrentá-lo com políticas audazes, começando pela legalização da droga. Creio que é uma coisa fundamental, se se quiser acabar com a criminalidade.

Há experiências em curso nesse sentido no Uruguai.
A do Uruguai é uma experiência muito valiosa e interessante. Creio que é o primeiro caso, que será seguido por outros, de um governo que entende que há que mudar de políticas, que a pura repressão não produz resultados e que a única coisa para que serve é para encarecer o produto, o que justamente estimula o aparecimento de máfias e de toda a criminalidade terrível associada ao narcotráfico. É muito melhor tentar esta política que, por um lado, legaliza as drogas, e, por outro, investe as somas gigantescas que se utilizavam na repressão na informação e na reabilitação. Creio que esse é o princípio que terá, a breve ou longo prazo, de aplicar-se, se queremos realmente erradicar o problema da criminalidade associada ao narcotráfico.

Felícito é uma espécie de rebelde discreto…
É alguém que não cedeu à chantagem, que decidiu enfrentar a delinquência por si mesmo, é a reacção de uma sociedade civil viva. É um exemplo muito importante porque há muitos casos iguais ao dele. Este personagem foi baseado numa história real. Li, num jornal de Lima, que na sociedade de Trujillo um pequeno empresário tinha publicado um aviso num jornal dizendo que não ia pagar à máfia. Foi muito interessante, porque, se a sociedade civil actua deste modo, os governos vão actuar também em consequência. Nunca conheci esse empresário, mas ele deu-me a ideia para um personagem que em tudo o resto é invenção minha.

No seu livro há um final feliz e justiceiro. Ninguém fica sem a sua recompensa ou sem o seu castigo. Há aqui algo de fábula moral?
Digamos que há um princípio moral encarnado num personagem que não se considera um moralista, nem se considera um herói, mas que é uma pessoa decente. Um homem que tem uma decência natural que o leva a bater-se contra os delinquentes e criminosos. Eu acho que em todas as sociedades há esses heróis discretos que são os verdadeiros heróis. Os da vida quotidiana, não os de uma acção espectacular e passageira, mas donos de uma perseverança e de constância na decência. Numa sociedade marcada por um discreto racismo e por uma discreta indiferença perante os delitos morais, creio que esses heróis discretos são a grande reserva moral que tem um país, mais do que os heróis militares, os heróis épicos.

Há personagens seus que, como don Rigoberto mas também Lucrécia e Fonchito, vêm transitando entre livros, aparecendo de novo em O Herói Discreto. Vamos poder vê-los em próximos livros?
Isso nunca sei de antemão. Quem sabe, talvez estando vivos possam reaparecer.

Em O Herói… Fonchito é visitado por alguém que não chegámos a perceber quem é ou o que é.
Eu tampouco sei. E tenho uma grande curiosidade. Espero que algum leitor ou algum crítico me dê uma explicação para Edilberto Torres. Para mim é um personagem misterioso, não sei se existe ou se foi inventando por Fonchito. Mas estou convencido que dentro do romance há elementos que podem permitir uma descoberta da verdadeira identidade de Edilberto Torres; um fantasma, uma invenção, um personagem de carne e osso ou, quem sabe, o diabo.

Fonchito e Lucrécia, com don Rigoberto, são protagonistas, em vários dos seus romances, de episódios de amor e erotismo. Há neles sempre um jogo com tabus e proibições, como quando Fonchito pede a Lucrécia que imite as poses das mulheres pintadas por Egon Schiele.
George Bataille dizia algo que me parece muito certo e que era que, se desaparece a ideia de transgressão e de tabu, desaparece o erotismo. Creio que o erotismo é uma espécie de jogo altamente civilizado no qual um par inventa uma mise-en-scène para enriquecer o jogo do amor. Então, se a transgressão não existe, há que inventá-la para que o erotismo surja e enriqueça o amor físico, desanimalizando-o, acrescentando-lhe um elemento de espiritualidade e de criatividade artística. Creio que essa é a ideia básica do erotismo.

Crê que isso pode ser compreendido pelos jovens de hoje que perante o sexo se fazem adultos muito cedo?
Não por muitos, porque converteram o sexo numa espécie de desporto passageiro e efémero. Creio que o amor é muito mais profundo do que aquilo que muitos jovens hoje em dia fazem com ele, graças à liberdade que existe.

Natália Faria, Público 26.07.2014

Um sistema financeiro sem controlo leva-nos ao precipício - Susan George

 

Susan George se levanta de la elegante mesa de madera de su silencioso apartamento parisiense, taza de té en mano, y se acerca a la biblioteca. Rebusca entre sus libros. Entresaca El Minotauro global,del economista griego Yanis Varoufakis. “Aquí está”, dice, satisfecha. “Pero esto solo es para yonquis interesados en las finanzas, como yo”, bromea. Sí, el mundo de las finanzas. Una de sus obsesiones, uno de sus caballos de batalla. La politóloga, filósofa y escritora norteamericana, afincada en París desde 1954, lleva toda la vida luchando, agitando conciencias. En los noventa lo hizo desde Greenpeace. Entre 1999 y 2006, como vicepresidenta en Francia de la Asociación para la Tasación de las Transacciones Financieras y la Ayuda al Ciudadano, organización que promueve el control de los mercadosfoton financieros. “Más vale que pongamos bajo control a estos locos”, dice en alusión a los banqueros en un momento de la entrevista, “¡hacen lo que quieren y los Gobiernos les animan a seguir haciéndolo!”.
A sus 79 años, Susan George es una mujer elegante y cultivada que habla desde la indignación. Exclama constantemente. Una especie de sistemático “¡será posible!” late bajo sus afirmaciones cuando analiza cómo funciona la sociedad en la que vivimos.
Con esa visión panorámica que le otorga su recorrido vital, la autora de El informe Lugano II (editado por Deusto) clama su verdad frente a un mundo que avanza, en su opinión, en dirección equivocada.

Pregunta. ¿Qué está pasando en este mundo en el que vivimos?
 Respuesta. ¿Dispone usted de tres horas? Bueno, es relativamente simple. Hemos permitido al capitalismo hacerse, virtualmente, con cada aspecto de la existencia humana; tenemos un sistema financiero que está completamente fuera de control, y ninguna autoridad parece querer controlarlo; hay una carrera entre las compañías multinacionales para hacerse con los recursos que quedan, ya sea energía, comida, tierra, agua, metales, oro... Y hace 10 años parecía que se estaba produciendo una toma de conciencia ecológica, pero eso parece haber desaparecido completamente.

P. ¿Y cómo explica usted la crisis en la que nos hallamos inmersos?
R. Tenemos una crisis generalizada, una convergencia de varias crisis: la financiera, la de la creciente desigualdad engendrada por el capitalismo y la ecológica. Hay una crisis alimentaria y de agua que afecta cada vez a más gente, no solo a aquello que llamábamos el Tercer Mundo, también a los países ricos. Y por encima de todo ello está la crisis de la democracia: autoridades ilegítimas que no han sido elegidas por los ciudadanos son las que crean las reglas del juego. Hacia eso camina el mundo, y no es una dirección demasiado bella…


Hemos permitido al capitalismo hacerse, virtualmente, con cada aspecto de la existencia humana”
P. En su libro Sus crisis, nuestras soluciones, escribe usted: “La mayoría de las personas no necesitan más pruebas, ven perfectamente que el sistema no funciona ni para ellos, ni para sus familias, amigos o país”.
 R. Bueno, depende de para quién. Para el 1% del 1% funciona. Y ese 1% del 1% ha decidido, desgraciadamente, que debemos tener desempleo, austeridad, sufrimiento de la población y pérdida de aquello que la clase trabajadora conquistó a lo largo de los últimos 50 años.

P. ¿El 1% del 1% es lo que usted denomina como “el grupo de Davos”, los poderosos del mundo que se reúnen cada año en la localidad suiza? ¿Son ellos los que deciden realmente, o eso es una teoría conspirativa?
R. No, yo no creo en conspiraciones, yo creo en el manejo de las situaciones en favor de determinados intereses. No es que ellos se reúnan y digan: “Bueno, vamos a derribar los derechos que la gente ha conquistado en los últimos 50 años”. No, ellos se reúnen y dicen: “Tenemos demasiadas cargas sociales; hemos ganado 10 puntos del PIB en los últimos años y ahora queremos otros 10”. Se trata de una convergencia de intereses. Luego la ideología neoliberal genera ideas que la gente se acaba creyendo, como esa que tanto se ha escuchado en España de “hemos vivido por encima de nuestras posibilidades”. ¡Eso es una tontería!



Reflejo de la activista en su casa. / DANIEL MORDZINSKI
P. ¿Podría explicar por qué es una tontería?
R. El Estado español no pidió prestado para mejorar la educación, la sanidad, la cultura o cosas que beneficiaran a la población en general; pidió para salvar al sistema bancario tras la crisis inmobiliaria. España no estaba tan endeudada antes de la crisis. Proporcionalmente, estaba menos endeudada que los virtuosos alemanes, que son los que han sacado uno de esos números mágicos que aparecen en el Tratado de Maastricht: hay una cifra, el 3%, que marca el límite de déficit que los países no deben superar; la otra indica que no hay que endeudarse en más de un 60% del PIB. Nadie sabe de dónde vienen esas cifras; del Bundesbank, probablemente; pero ¿por qué es un 3% en vez de un 4%, o un 60% en vez de un 65%? Son cifras arbitrarias que además han sido rebatidas. Hace poco el FMI dijo que nos equivocamos con el rescate griego. La ATTAC ha publicado un estudio que muestra que de los 200.000 millones de dólares (153.000 millones de euros) que se entregaron a Grecia, el 77%, al menos, fue a parar a los bancos. Todo eso está basado en ideología. El sustento de la austeridad es una patraña. Sí, una patraña matemática y económica.

P. ¿Y qué habría que hacer para reinventarse el mundo?


"La humanidad se está yendo a tomar viento por las demandas de capital de un sistema productivo estúpido”
R. Lo primero es poner el sistema financiero bajo control. Está operando conforme a sus propias reglas y nos va a llevar más allá del borde del precipicio. Los banqueros usan un lenguaje que los líderes políticos quieren creer, o no comprenden, no sé. Pero el caso es que acaban haciendo lo que les viene en gana. Y no serán penalizados, ni irán a la cárcel, ni serán multados; seguirán haciendo locuras.

P. ¿Son ellos los que detentan el poder real?
R. Sí, claro. Podríamos tener carteles electorales en las calles que digan: “Vote a Goldman Sachs, ¡elimine al intermediario!”. La banca es demasiado grande para quebrar, demasiado grande para que encarcelen a sus responsables; si es así, ¡es demasiado grande para existir! Mejor sería que por un lado estuviera la banca minorista, y por otro, la banca de inversiones, no las dos bajo un mismo techo. Y si la banca de inversión quiebra, que quiebre, ¡pero que no jueguen con nuestro dinero!

P. ¿Y qué más habría que hacer?
R. Una vez controladas las entidades financieras, obligar a los bancos a contribuir a la transición verde. Esta es la idea central. Eso, además, permitiría crear empleo. Hay que controlar a la banca para que la gente no pierda sus ahorros, sus seguros, su salario… [RISAS]Probablemente[/RISAS] la gente esté más interesada en que se controle a estos bastardos por estos motivos. La otra razón es que hay que construir una sociedad sostenible, hacer la transición verde en transporte, hogares, agricultura. La humanidad se está yendo a tomar viento por las demandas de capital de un sistema productivo estúpido, mal organizado, que permite tremendas desigualdades. Tenemos que parar el calentamiento tan rápidamente como podamos; salvar las pequeñas granjas, dar la producción de alimentos a pequeños agricultores ecológicos… Hay que buscar la manera de sobrevivir. Estamos hablando del futuro de la humanidad. Ninguna generación en la historia, desde el Homo sapiens, ha estado enfrentada a un problema de semejante magnitud. Los Gobiernos miran a otro lado, los presidentes de las empresas piensan que esto ocurrirá cuando ellos ya no estén aquí… El capitalismo es un sistema que no permite pensar a largo plazo.


Cuatro propuestas

  • ¿Una voz alternativa que debería ser escuchada? “Herman Daly, autor de Para el bien común. Hay libros de ecología muy interesantes, como este, que datan de los años ochenta”.
  • ¿Una idea o medida concreta para un mundo mejor? “Controlar a los poderes financieros y conseguir que los bancos financien la transición verde. Se están poniendo parches en el sistema financiero y no se coge el toro por los cuernos”.
  • ¿Un libro? The spirit level: why more equal societies almost always do better (Estado de ánimo: por qué las sociedades igualitarias casi siempre van mejor), de Richard Wilkinson y Kate Pickett. “Reducir la desigualdad es lo mejor que cualquier Gobierno puede hacer, y eso queda de manifiesto en este libro”.
  • ¿Una cita? “Los que vienen al mundo para no cambiar nada no merecen ni atención, ni paciencia” (René Char, poeta francés).
Susan George suelta su larga parrafada consciente de que acaba de encontrar las palabras adecuadas para expresar lo que quería explicar. Considera que es fundamental profundizar en nuevas formas de democracia participativa. “La democracia está aplastada por la especulación”, dice, “y los ciudadanos pueden hacer muy poquita cosa con un simple voto”.
Su análisis se vuelve sombrío cuando sobrevuela Europa. Sostiene que la idea que guía a la Unión Europea es la de las grandes bondades de la privatización. “Acabaremos con un régimen extremadamente cruel; un régimen de las grandes multinacionales no se va a preocupar demasiado de la población. Excluirán a la gente como nunca se ha hecho hasta ahora”. También le preocupa el ocaso del Estado de bienestar. “El año que viene cumpliré 80 años y no quiero morir en una Francia gobernada por el Frente Nacional”, espeta.

P. ¿Y cree que eso puede suceder?
R. Creo que están preparando la cama para los fascistas, les están preparando el bulevar. Mire Aurora Dorada en Grecia. ¡Eche la vista atrás, a los años treinta! Hitler fue elegido, no lo olvidemos. En el caso italiano, hubo un golpe, pero Mussolini gozaba del apoyo de buena parte de la población; y Berlusconi no está muy lejos de Mussolini.


Joseba Elola, El País 04.08.2013



El Mundo - Eduardo Galeano



Un hombre del pueblo de Neguá; en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo. A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.

El mundo es eso -reveló-. Un montón de gente, un mar de fueguitos.

Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.


Eduardo Galeano, “El libro de los abrazos”






Fernando Pessoa







"Ter é tardar."




  Fernando Pessoa


 
                       

Portugal


 

"É um fenómeno curioso:
O país ergue-se indignado,
moureja o dia inteiro indignado,
come, bebe e diverte-se indignado,
mas não passa disto.

Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

Somos, socialmente,
uma colectividade pacífica de revoltados."



Miguel Torga

Cafe Müller - Pina Bausch




"Tudo se tornou rotina e já ninguém sabe porque está a usar certos movimentos. Tudo o que sobra é uma estranha espécie de vaidade que se afasta cada vez mais das pessoas. E eu acho que deveríamos estar cada vez mais perto do outro."     Pina Bausch








Cafe Müller, 1978
 versão televisiva 1985



 
Intérpretes: Pina Bausch, Malou Airaudo, Domenique Mercy, Jan Minarik, Nazareth Panadero, Jean Laurent Sasportes.

Música: The Fairy Queen e Dido and Aeneas de Henry Purcell




Café Müller é a obra mais íntima de Pina Bausch. De certa forma espelha as experiências que a coreógrafa vivenciou durante a sua infância no restaurante do seu pai.
Carregado de uma carga emocional profunda e apresentada de forma minimalista, esta obra vive suspensa num movimento entre as diferentes personagens que deambulam num café deserto. Recordações, solidão, a ausência de profundidade no contacto, as relações, os encontros, os desencontros. Este é o retrato que Pina Bausch apresenta de uma Alemanha pós-guerra. As paredes cinzentas, escuras, cadeiras e mesas dispersas enquanto seis corpos gastos vagabundeiam um a um e contagiam no espaço o desamparo, a angustia, a raiva, derrubando e destruindo a ordem. Um movimento claustrofóbico e circular entre a violência e a apatia.
É uma obra melancólica, sem esperança. Um lamento profundo. Arrebatadoramente triste.
Mas de uma beleza única.


De salientar especial atenção a partir do minuto 20, sem menosprezar a obra no seu todo, quando se escuta a ária "Dido's Lament", também chamada "When i am Laid in Earth", da ópera Dido e Aeneas de Henry Purcell. Este é um dos momentos de beleza rara.


"Na sua versão do mito, o libretista (Nahum Tate) retoma globalmente o Canto IV da Eneida de
Vergílio, com algumas alterações. Em fuga de Tróia, onde o seu povo fora derrotado, e impedido de
chegar a Itália por uma tempestade, Eneias vê-se arrastado para uma praia próxima de Cartago onde,
uma vez chegado à cidade, conhece a rainha e lhe relata as penas passadas. A paixão é imediata
 e recíproca. Quando a ópera começa, prepara-se a boda no palácio de Dido. Belinda, sua confidente,
procura animar a rainha hesitante, incutindo-lhe a convicção de que o amor que sente é mútuo.
É a acção malévola de uma feiticeira opositora de Dido que gorará estas expectativas. Disfarçado
de Mercúrio, um elfo comandado pela feiticeira aparecerá a Eneias ordenando-lhe que parta ainda
nessa noite por força da vontade de Júpiter. O herói cede à pretensa ordem divina e decide-se por
uma partida quase imediata, para grande gáudio da feiticeira e das suas bruxas – e manifesto
desespero de Dido. Não suportando a dor, a rainha canta o seu lamento derradeiro até à morte:"



"When I am laid, am laid in earth,
may my wrongs create no trouble
no trouble in, in thy breast.
Remember me, remember me, but ah!
Forget my fate.
Remember me, but ah!
Forget my fate.
Remember me, remember me, but ah!
Forget my fate."
 
 
 
"Dido's Lament"/"When i am Laid in Earth" da ópera Dido e Aeneas
Henry Purcell (1659-1695)

 





 

Pina Bausch, bailarina e coreógrafa alemã, nasceu em Solingen em 1940 e faleceu em Wuppertal em 2009.
Aos 14 anos ingressa na escola Folkwangschule em Essen, cujo director é Kurt Jooss, um dos fundadores da dança/teatro ("tanztheater").
Em 1960 continua os seus estudos na Juilliard School em Nova York, sendo discípula de Antony Tudor, José Limon e Paul Taylor.
Terminados os estudos, Pina mantém contacto com Tudor e Taylor participando em conjunto na Metropolitan Opera Ballet Company e na New American Ballet.
A partir de 1972, Pina torna-se a directora artística do Wuppertal Opera Ballet, actual Tanztheater Wuppertal Pina Bausch.

A partir dessa data a companhia cria um vasto número de obras apresentadas por todo o mundo:


1973 Fritz; Iphigenie auf Tauris  
1974 Zwei Krawatten; Ich bring dich um die Ecke und Adagio
1975 Orpheus und Eurydike; Frühlingsopfer
1976 Die sieben Todsünden 
1977 Blaubart; Komm tanz mit mir; Renate wandert aus
1978 Er nimmt sie an der Hand und führt sie in sein Schloss, die anderen folgen; Café Müller; Kontakthof
1979 Arien ; Keuschheitslegende
1980 1980 – Ein Stück von Pina Bausch; Bandoneon 
1982 Walzer; Nelken 
1984 Auf dem Gebirge hat man ein Geschrei gehört  
1985 Two Cigarettes in the Dark 
1986 Viktor 
1987 Ahnen 
1989 Palermo Palermo 
1991 Tanzabend II 
1993 Das Stück mit dem Schiff 
1994 Ein Trauerspiel 
1995 Danzón 
1996 Nur Du 
1997 Der Fensterputzer 
1998 Masurca Fogo 
1999 O Dido 
2000 Wiesenland; Kontakthof – Mit Damen und Herren ab 6
2001 Água 
2002 Für die Kinder von gestern, heute und morgen 
2003 Nefés 
2004 Ten Chi 
2005 Rough Cut 
2006 Vollmond 
2007 Bamboo Blues 
2008 Sweet Mambo; Kontakthof – Mit Teenagern ab 14 
2009 …como el musguito en la piedra, ay si, si, si …




Em 1983 interpreta o papel de Principessa Lherimia no filme "E la nave va" de Federico Fellini.
Em 1990 realiza "O Lamento da Imperatriz".
Em 2002 participa com excertos das obras Cafe Müller e Mazurca Fogo no filme "Habla con Ella" de Pedro Almodovar.

Foram realizados vários documentários e séries de televisão acerca do seu trabalho:

1980 Die Generalprobe de Werner Schroeter
1983 What Are Pina Bausch and Her Dancers Doing in Wuppertal? de Klaus  Wildenhahn
1983 Plaisir du théâtre de Georges Bensoussan
1983 Un jour Pina m'a demandé de Chantal Akerman 
1990 3res 14torze 16tze de Cristina Ferrer.
2002 Pina Bausch - A Portrait de Peter Lindbergh
2004 La mandrágora de Miguel Sarmiento 
2006 Pina Bausch de Anne Linsel
2010 Dancing Dreams de Rainer Hoffmann e Anne Linsel
2011 Pina - Dance Dance Otherwise We are Lost de Wim Wenders
 
 
  
E o genial "Pina Bausch - Lissabon Wuppertal Lisboa" um documentário de Fernando Lopes, aquando da residência de Pina em Lisboa (1998), o qual aconselho vivamente.








"Eu não investigo como as pessoas se movem,
mas o que as move." 
 
Pina Bausch









Concerto para piano e orquestra em Sol Maior - Maurice Ravel










Maurice Ravel (1875-1937)
Concerto para piano e orquestra em Sol Maior, 2º andamento - Adagio assai



London Symphony Orchestra
Sergiu Celibidache, maestro

Arturo Benedetti Michelangeli, piano

Royal Festival Hall, Londres


 8 de Abril de 1982



Magnifico Ravel!










Konflikt - Garri Bardin










Konflikt / Конфликт, 1983

técnica: stop-motion, animação com fósforos















Adagio - Garri Bardin









Adagio, 2000

técnica: stop-motion, animação com origami

música: Adagio para cordas e orgão em Sol menor de Tomaso Albinoni (1671-1751)





"Adagio" é uma parábola baseada no conto "A Velha Izerguil" de Máximo Gorki. Esta animação resulta de uma análise crua da humanidade enquanto corpo e movimento (matéria) interagindo com o que mais receia: o desconhecido. Incapaz de compreender e aceitar a diferença, movimenta-se em massa e repete-se nos seus erros.

A incompreensão do inexplicável gera medos, grandes bloqueadores e desconstrutores.





Träumerei - Robert Schumann









Robert Schumann (1810-1856)
Kinderszenen, Op. 15 nº 7 "Träumerei" (1838)


Vladimir Horowitz, piano

Moscovo, 1986




Este concerto assinala o regresso de Vladimir Horowitz a Moscovo, depois de estar exilado nos Estados Unidos.
Quando a Alemanha se rendeu, em 1945, o "Träumerei" foi ouvido por toda a União Soviética e tornou-se um dos símbolos alusivos ao fim da 2ª Guerra Mundial.


Les Copains d'abord - Georges Brassens









Les Copains d'abord
Texto e música de Georges Brassens, 1965





Non, ce n'était pas le radeau
De la Méduse, ce bateau,
Qu'on se le dis' au fond des ports,
Dis' au fond des ports,
Il naviguait en pèr' peinard
Sur la grand' mare des canards,
Et s'app'lait les Copains d'abord
Les Copains d'abord.
Ses fluctuat nec mergitur
C'était pas d'la litteratur',
N'en déplaise aux jeteurs de sort,
Aux jeteurs de sort,
Son capitaine et ses mat'lots
N'étaient pas des enfants d'salauds,
Mais des amis franco de port,
Des copains d'abord.
C'étaient pas des amis de lux',
Des petits Castor et Pollux,
Des gens de Sodome et Gomorrh',
Sodome et Gomorrh',
C'étaient pas des amis choisis
Par Montaigne et La Boeti',
Sur le ventre ils se tapaient fort,
Les copains d'abord.
C'étaient pas des anges non plus,
L'Évangile, ils l'avaient pas lu,
Mais ils s'aimaient tout's voil's dehors,
Tout's voil's dehors,
Jean, Pierre, Paul et compagnie,
C'était leur seule litanie
Leur Credo, leur Confiteor,
Aux copains d'abord.
Au moindre coup de Trafalgar,
C'est l'amitié qui prenait l'quart,
C'est elle qui leur montrait le nord,
Leur montrait le nord.
Et quand ils étaient en détresse,
Qu'leurs bras lancaient des S.O.S.,
On aurait dit les sémaphores,
Les copains d'abord.
Au rendez-vous des bons copains,
Y'avait pas souvent de lapins,
Quand l'un d'entre eux manquait a bord,
C'est qu'il était mort.
Oui, mais jamais, au grand jamais,
Son trou dans l'eau n'se refermait,
Cent ans après, coquin de sort !
Il manquait encor'.
Des bateaux j'en ai pris beaucoup,
Mais le seul qui ait tenu le coup,
Qui n'ai jamais viré de bord,
Mais viré de bord,
Naviguait en père peinard
Sur la grand' mare des canards,
Et s'app'lait les Copains d'abord
Les Copains d'abord.


















A expressão Copains d'abord é um jogo de palavras. Literalmente significa "os amigos estão em primeiro". No entanto escuta-se "copains de bord", que significa companheiros de bordo.
O veleiro la Méduse afundou-se a 2 de Julho de 1816. Dos cerca de 400 ocupantes, apenas sobreviveram 147. Passados 27 dias à deriva numa jangada, foram encontrados pela embarcação Argus apenas 15 pessoas vivas. Mais tarde estes sobreviventes relataram o horror que viveram durante esses dias, desde lutas até à morte, doenças, tempestades que obrigavam a que todos lutassem pelo centro da jangada ou seriam varridos pelas ondas, suicídios e inclusivé actos de canibalismo para não se morrer à fome. Esta tragédia foi imortalizada pelo pintor francês Théodore Géricault (1792-1824) no seu quadro Le Radeau de la Méduse.
A expressão em latim Fluctuat nec mergitur  é o lema do brasão de armas da cidade de Paris. O brasão é representado por um veleiro que representa a poderosa corporação dos Marchands de l'eau. O rio Sena impôs o seu mote à cidade, que significa Flutua/Ondula mas não afunda/submerge.
O jogo de palavras Mais des amis franco de port: "franco de port" - encomenda paga, e "port" - cais de embarque.
Segundo a mitologia grega, os dois deuses da navegação Castor et Pollux eram irmãos gémeos inseparáveis.
Existem várias interpretações do relato de Sodoma e Gomorra. A Bíblia explicita que Deus destruiu as duas cidades Sodome et Gomorrhe porque os seus habitantes cometiam actos impuros. Os habitantes de Sodoma eram egoistas, gananciosos, crueis e sanguinários sem compaixão. Não respeitavam os estrangeiros e os pobres. Renunciavam a hospitalidade e a caridade. Conta-se que os estrangeiros que chegavam a Sodoma eram obrigados a dormir numa cama. Aos demasiado altos amputava-se-lhes o excedente; os demasiado baixos eram esticados até atingirem o comprimento da cama. Também se conta que dois anjos desceram à cidade e foram hospedados na casa de Ló. Ao anoitecer, os homens da cidade cercaram a casa do patriarca para terem relações sexuais com os dois estrangeiros. Para defender os anjos, Ló saiu e ofereceu as suas filhas virgens para atenuar a paixão do povo.
Para se protegerem os anjos cegaram o povo que os rodeava e levaram o patriarca e a sua família para fora da cidade. É então que se inicia a destruição de toda a planície que abrange a região de Sodoma. A partir do ano 543 este episódio passou a ser utilizado como uma metáfora para justificar a repressão da homossexualidade.
Um dos grandes pensadores e escritores franceses é Michel de Montaigne (1533-1592), célebre pelos seus "Ensaios". Montaigne et La Boétie é uma referência à amizade profunda que Montaigne nutria pelo humanista Étienne de la Boétie (1530-1563). A amizade entre estes dois companheiros era um misto de coesão intelectual e emocional, daí ultrapassar os limites do convencional. 
A expressão Coup de Trafalgar é utilizada pelos franceses para designar um desastre.